Games para Portadores de Necessidades Especiais – Accessible Games – Parte II

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Howdy

Semana passada, eu postei aqui sobre games para portadores de necessidades especias visuais. Essa semana decidi dedicar esse post à outro grupo de portadores de necessidades especiais que pensamos não ter as mesmas dificuldades que os demais grupos de pessoas com tais necessidades. O grupo de portadores de necessidades especiais auditivas.

Eu creio que na maioria dos casos, pensamos assim: “Eles não escutam mas sabem ler, então um jogo com legendas é o suficiente.” Ou então, “O jogo tem legendas em inglês, é só eles aprenderem inglês.”

Segundo minhas pesquisas, boa parte dos portadores de necessidades especiais, vamos incluir por enquanto nesse grupo, apenas os portadores de necessidades especiais auditivas e visuais. Essas pessoas em boa parte dos casos, ou não tem como aprender inglês porque não tem acesso a um ensino especializado, ou acredita que suas limitações o impossibilitam aprender outra língua. Enfim, é fato que apenas uma minoria tenta aprender outra língua.

Sinta um pouco da dificuldade deles. Eu pesquisei sobre eventos de games para deficientes auditivos no Brasil e achei o Encontro de Brasilia dos Surdos e de Jogos Eletrônicos. Sendo que para minha surpresa só encontrei vídeos com narração em Libras. Num é legal isso?! Não entendi nada. Vejam vocês como é você não compreender muita coisa que acontece a sua volta.

Vejam abaixo o vídeo.

A estimativa é que no Brasil existam por volta de 5,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva. A partir disso podemos imaginar a quantidade de jovens e crianças que não tem acesso a jogos eletrônicos por conta de uma falta de consideração nossa para com essas pessoas. Não só acesso a jogos eletrônicos mas a outras coisas básicas que usufruímos, televisão, alguns filmes, músicas, enfim.

Pensem na quantidade de pessoas que assistem televisão sem legendas, isso você descontando uma pequena parte dos deficientes auditivos que não praticam a leitura labial. Ou como essas pessoas aprenderiam a tocar um instrumento musical? Elas poderiam jogar Guitar Hero ?! É um jogo visual. E não precisa de legendas.

Agora pensa se não é necessário você escutar a música para ter noção de tempo e etc?

Para comprovar que o que estou falando não é besteira, um professor e uma dupla de alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPE), que começam a desenvolver um Guitar hero para surdos, alusão ao famoso game que usa imagens para ajudar a tocar as notas musicais de uma canção – com intuito de diminuir a distância entre aqueles que podem ou não escutar.

“O objetivo não está em criar um jogo, mas um aplicativo que possibilite aos deficientes auditivos a tocarem instrumentos musicais”, explica José Carlos Pereira, 24 anos, aluno do quarto período do curso de análise e desenvolvimento de sistemas.

“A ideia é permitir, por meio de um computador comum, que os surdos vejamas notas musicais na tela e toquem uma a uma. O ritmo será dado por meio de uma pequena pulseira, que vibra avisando o tempo das notas”, completa Gean Souza, 23, do sexto período da mesma graduação; ambos são orientados pelo professor Anderson Moreira, que também participa da idealização da tecnologia.

Depois de pronto, o sistema será doado ao Núcleo de Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Napne), do próprio IFPE, especializado no tratamento de pessoas com deficiências. “Esperamos que ele também possa ser aproveitado nas escolas do nível fundamental e médio para o ensino de música a estudantes com problemas auditivos”, avisa Gean, finalizando: “No fim, além da experiência adquirida, o projeto nos ajudará a trabalhar em algo que pode chamar a atenção e ainda prestar um serviço a estas pessoas”.

Notícia retirada do Diário de Pernambuco.

Algumas pessoas podem pensar que os aparelhos são eficientes. Além de demandar um determinado custo, você acha que se eles tivessem 100% de eficiência, a maior parte dos deficientes auditivos utilizaria a linguagem dos sinais?

Pense em acompanhar jogos como Prototype, Doom 3, Prince of Persia 4, jogos sem legendas, que você precisa entender a história. Prototype ainda comunica as missões por legendas, e Prince of Persia, é bem dedutivo, mas sem legendas você não sabe de nada da história. Até ouvindo fica complicado para quem não entende inglês.

Imagine agora a quantidade de jogos que temos por aí que não possuem esse tipo de recurso para incluir essas pessoas. E quão importante é o áudio para a conclusão de determinados games e etc.

Penso que é um pouco complicado as empresas terem esse tipo de preocupação, pois a quantidade de pessoas com esse tipo de limitação é pequena em relação as outras. Creio também que os deficientes auditivos, quando se interessam por esse tipo de hobby, se adaptam da melhor forma que podem.

Infelizmente dificilmente nos lembramos desse pessoal quando projetamos alguma coisa. Vocês já tentaram imaginar como um deficiente auditivo faz uma chamada de telefone? Ou como utiliza um celular? Como deve ser ter uma televisão? As emissoras dificilmente produzem conteúdo para essas pessoas. Pelo menos eu só conheço o “Novo Telecurso” da emissora Globo, que tem conteúdo para deficientes auditivos, ou seja, legendas durante o programa.

Para vocês terem noção de como é diferente o mundo deles do nosso. Não tem muito a ver com games, mas, vejam só essa matéria do G1:

“Deficiente auditivo fica famoso ‘cantando’ rap na língua dos sinais

Este é o caso de Marko Vuoriheimo, conhecido como Signmark, um finlandês de 30 anos que, apesar de nunca ter ouvido uma só nota musical em toda a sua vida, um dia decidiu cantar rap em seu idioma materno, a língua dos sinais filandesa, tornando-se o primeiro rapper deficiente auditivo da história.

Durante anos, o rapper traduziu músicas de sucesso para a língua dos sinais, com o objetivo de “cantá-las” em festas e reuniões familiares, até que seus amigos o encorajaram a escrever suas próprias letras.

Em 2004, o finlandês criou um grupo de rap junto com dois amigos que com podem escutar: Kim e Heka, que compõem as músicas e cantam em finlandês enquanto Signmark “rapeia” com as mãos ao ritmo das vibrações sonoras.

A gravação do primeiro disco do grupo (“Signmark”) dois anos depois, deixou Vuoriheimo e vários amigos sem dinheiro, mas o investimento valeu a pena, já que, pouco depois, o trio começou a ser convidado para performances em países como França, Estados Unidos, Japão e Espanha.”

Link da notícia toda: G1

Pois é pessoal, encontrei outras coisas também sobre games para deficientes auditivos, mas vou guardar para outros posts. Até a próxima semana, e que essa série de posts estimule muita gente e que ajude a criar projetos dos nossos leitores para pessoas que possuem necessidades especiais.

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